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sexta-feira, 6 de fevereiro de 2009

"Antígona Gelada", de Armando Nascimento Rosa


Fui há alguns dias assistir a esta peça.

Não sou uma amante de teatro, diga-se em abono da verdade. No entanto, tenho assistido a praticamente todas as peças deste autor.

Em primeiro lugar, corri sérios riscos de ficar quase tão gelada como Antígona no final da peça, não fora a mantinha vermelha dobrada em duas e o calor que vinha do amigo sentado a meu lado.

Apesar disso, consegui ficar presa ao desenrolar das cenas, seguindo o curso da peça, sem perder pitada.

O Armando Nascimento Rosa tem uma forma peculiar de escrita que se pauta por uma coisa muito importante: é que usa de uma linguagem simples, directa, perfeitamente acessível ao comum dos mortais. Digo isto porque, embora grande parte das suas histórias assente bastante em figuras mitológicas, não me pareceu que a peça se tornasse incompreensível para o espectador que não dominasse essa matéria.

Mesmo correndo o risco de esta ser uma apreciação algo simplista, reconheci no texto muitas das questões comuns a todos nós; os nossos medos, preconceitos, logros, vinganças, dissimulações, paixões, manipulações, etc.

Nalgumas das falas, extremamente duras e sarcásticas, registei a mensagem de alerta relativamente ao rumo que o mundo vem tomando e que obviamente também diz respeito a cada um de nós.

Falo da realidade virtual de Jean Baudrillard ou do homo consumericus de Gilles Lipovetsky, que se pode traduzir, grosso modo, pela “coisificação” da pessoa, banalização e perversão dos valores, sociedades cada vez mais adormecidas e anestesiadas, com o alto patrocínio dos mass media ao serviço dos poderes instituídos, remetendo-nos inexoravelmente para a solidão e para o vazio.


Finalmente, e caso os meus 2 fiéis leitores estejam interessados, poderão consultar aqui ou aqui, um resumo de Antígona, a de Sófocles, escrita há mais de 2 500 anos.


E pronto, é o que consegui reter desta peça do Armando Nascimento Rosa, enquanto gelava, qual Antígona.


Fiquem bem.

T.C.


nota: usei os seguintes links:
http://www.tiosam.net/enciclopedia/?q=Ant%C3%ADgona - Resumo sobre "Antígona"
http://protagonistas.blog.com/2238544/-Entrevista a Gilles Lipovetsky



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antimáscara

Termo popularizado a partir do teatro de Ben Jonson (por exemplo, em Mercury Vindicated from the Alchemists at Court, 1616 — v. WWW), para uma técnica dramática que funciona como interlúdio num enredo, introduzindo um momento de grotesco durante o desfile sério das máscaras tradicionais. Quando precedia a representação da máscara, designava-se antemáscara. O desempenho da antimáscara está, no século XVII, associado a questões de estratificação social: os actores mascarados pertencem geralmente à nobreza e a aristocracia, são amadores, que participam no espectáculo teatral por razões lúdicas; os actores com antimáscaras pertencem às classes sociais mais desfavorecidas e são geralmente profissionais. O facto de a antimáscara ter uma função burlesca em relação à máscara convencional permite a comparação com as estratégias de simulação das sátiras gregas antigas. (http://www.levity.com/alchemy/jonson1.html)
Carlos Ceia, s.v. "antimáscara", E-Dicionário de Termos Literários, coord. de Carlos Ceia, ISBN: 989-20-0088-9

Posto isto, Antimáscara assume-se como um convite a dissertações, poemas, textos e demais dizeres que acharmos por bem, enquanto gente de bem.
E porque acontecem coisas, dentro e fora de nós, será ainda um espaço de divulgação, divagação, indignação...(qualquer coisa) que fará o caminho enquanto for caminhando, ao sabor do momento (que é um tempo muito acertado).

Bem-vindos então (ao que há-de ser).
T.C.