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quarta-feira, 2 de maio de 2012

NÓS, OS OUTROS. (ou o outro lado do cancro)


A notícia colhe-nos como um soco no estômago.
Rapidamente, aprendemos o labirinto de corredores, guichets, escadarias e andares;
aprendemos os rituais de análises, resultados, tratamentos, consultas.
Ouvimos conversas de doenças, limitações, cada desgraça maior do que a outra; tentamos encontrar em nós uma sintonia de Amor, de Paz, qualquer coisa que possa ajudar a quem amamos...um pensamento de Luz, um sorriso de confiança...lemos livros, revistas, fazemos poemas de Acreditar.
E esperamos.
Esperamos que o tratamento acabe.
Esperamos que tudo corra pelo melhor.
Esperamos um milagre que sabemos não ir acontecer. Mas esperamos.
Olhamos o rosto dos que amamos. Parece mais pálido...ou amarelo ou vermelho...parece cansado/a... não comeu... está triste... tem febre... e esperamos.
Porque não o/a obriguei a ver disto mais cedo? Porque é que eu não disse? Porque é que eu não fiz?
E esperamos.
Às vezes, torna-se tudo tão pesado. Choramos. Passamos a outro a tarefa de acompanhar, quando há outros, e paramos para nos fortalecermos outra vez.
Depois, há aquele momento em que o médico nos chama. A sós. Não há mais nada a fazer. Quer que fique aqui ou em casa? Levo-a/o para casa, claro! Estaremos juntos/as até podermos. Pense bem, olhe que é muito duro, alertam-nos; E é! O banho é uma tarefa quase impossível, a distância do quarto à cozinha torna-se imensa... todos os gestos por mais breves e normais se tornam um pesadelo... ainda assim, há momentos em que rimos até às lágrimas, e tudo parece normal. Cimentamos cumplicidades, fortalecemos o nosso coração. E Amamos mais e mais.
Rapidamente tudo se degrada e torna cada vez mais penoso; olhamos uns pelos outros, cuidamos das coisas, aquelas coisas práticas de que alguém tem de tratar...cuidamos dos outros, os que ficarão orfãos ou viúvos ou...
Que nome se dá a quem perde um irmão?

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antimáscara

Termo popularizado a partir do teatro de Ben Jonson (por exemplo, em Mercury Vindicated from the Alchemists at Court, 1616 — v. WWW), para uma técnica dramática que funciona como interlúdio num enredo, introduzindo um momento de grotesco durante o desfile sério das máscaras tradicionais. Quando precedia a representação da máscara, designava-se antemáscara. O desempenho da antimáscara está, no século XVII, associado a questões de estratificação social: os actores mascarados pertencem geralmente à nobreza e a aristocracia, são amadores, que participam no espectáculo teatral por razões lúdicas; os actores com antimáscaras pertencem às classes sociais mais desfavorecidas e são geralmente profissionais. O facto de a antimáscara ter uma função burlesca em relação à máscara convencional permite a comparação com as estratégias de simulação das sátiras gregas antigas. (http://www.levity.com/alchemy/jonson1.html)
Carlos Ceia, s.v. "antimáscara", E-Dicionário de Termos Literários, coord. de Carlos Ceia, ISBN: 989-20-0088-9

Posto isto, Antimáscara assume-se como um convite a dissertações, poemas, textos e demais dizeres que acharmos por bem, enquanto gente de bem.
E porque acontecem coisas, dentro e fora de nós, será ainda um espaço de divulgação, divagação, indignação...(qualquer coisa) que fará o caminho enquanto for caminhando, ao sabor do momento (que é um tempo muito acertado).

Bem-vindos então (ao que há-de ser).
T.C.