(...)técnica dramática que funciona como interlúdio num enredo, introduzindo um momento de grotesco durante o desfile sério das máscaras tradicionais. O desempenho da antimáscara está, no século XVII, associado a questões de estratificação social: os actores mascarados pertencem geralmente à nobreza e a aristocracia, são amadores, que participam no espectáculo teatral por razões lúdicas; os actores com antimáscaras pertencem às classes sociais mais desfavorecidas(...)
Aqueles teus olhos lindos deixaram-me embevecido mas quebraram-lhe o encanto disseram que eram de vidro! E agora que os recordo…será que ainda sentes? quebraram-lhe o encanto… juraram-me que eram lentes! E os meus que te viram nesta louca cegueira… fugiu todo o encanto ao toque da feiticeira...
Embora veja pouco televisão, acabou por me entrar pela casa dentro os rumores da histeria que possuiu a grande maioria dos Seres deste planeta no que se refere à eleição do novo presidente dos E.U.A.. Será que se festeja a vinda de Obama ou a saída de Bush?, pensei com os meus botões. É que Barack Obama parece ser agora o Salvador do planeta. Eu, que tenho dificuldade em acreditar em Messias, muito menos vindos dos E.U.A., fico algo apreensiva. (dos states, nem bom vento, nem bom casamento…) Depois, devo confessar que Barack Hussein Obama é um nome, no mínimo curioso, para um Messias. Podemos sempre arranjar-lhe é um nome de herói, assim de um bom herói com espírito de sacrifício e abnegação, disposto a deixar a sua vida pessoal para salvar o planeta. E depois podemos fazer vários filmes e livros sobre a saga de um tal “Surfista Dourado” ao serviço do grande Americus, o devorador de mundos.
Grossas gotículas caem ainda dos beirais, estatelando-se como corpos moribundos nas calçadas.
Uma enorme montra reluz com lâmpadas multicolores num sonho colorido infinito!
Uma névoa difusa sombreia o exposto.
Um enorme boneco vermelho de barba branca ostenta uma barriga ímpar…na mão tem uma profusão de brinquedos!
Na rua, andrajoso, um menino acoita-se das beiras que pingam teimosamente, salpicando-lhe a visão…como vê mal! –automóveis passam numa correria desmedida! A indiferença está patente entre dois mundos!
É natal, diz-se de boca cheia!
O que será?
O menino afasta-se sem rumo, olhando o firmamento onde brilham estrelas…
Numa dor incontida, a alma soergue-se na profundeza da revolta! Na impávida serenidade dos pobres, assistimos ao assalto desenfreado desta courela que já foi, em tempos, chamada de país.
Os vendilhões da política, incolores, a um todo, numa só voz, banqueteiam-se a rodos até imparem de grandeza! Em traições latentes, constatamos feridos de morte, a impunidade que faz regra! Não existe pudor!
Empoleirados no poder, os compadres vagueiam a seu bel-prazer!
Em tempos, acenam com um gesto chamado de voto! Os pobres, e são tantos, alimentam a esperança, movimentando-se como sonâmbulos alimentando os bichos! Lá longe, ecoa o apelo do hino do que já foi um país.
Porque Antimáscara se assume como um convite a dissertações, poemas, textos, divulgação, divagação, indignação...e demais dizeres que acharmos por bem, enquanto gente de bem...teremos, a partir de agora, a colaboração de "Garibaldi". Agradeço-lhe ter aceite este convite, na certeza de que enriquecerá este blog. Aqui ficam as boas-vindas.
Aceitou um jantar familiar na rua das laranjeiras e rasgou um sorriso no rosto quando lhe apresentei o sofá onde dormiria.
“não te preocupes”-disse – “dormirei muito bem”.
Comemos caldo verde, com a primeira couve que fui colher ao jardim que transformámos em horta, e carne assada no forno.
E bebemos vinho tinto, recordando a noite de 30 de Dezembro, em que os três antecipámos uma passagem de ano de poemas e canções até às oito da manhã.
As horas voaram. Queria sair cedo para estacionar e tranquilamente arranjar lugar.
À pressa, um bilhete deixado na mesa, junto ao prato de T., que vinha de viagem e chegaria só às dez.
Quando chegámos ao Bibliocafé, vi várias caras conhecidas, quase amigas, diria, os colegas de curso, o Sr.Professor que costuma ir para lá trabalhar…e muita gente nova e bonita.
O que aconteceu naquele serão, foi pura poesia.
A casa estava cheia. Cheia de música, de beleza, de conversas entre amigos, de sorrisos, de gente linda.
Viajámos realmente pelo cancioneiro alentejano e fomos arrebatados pelas vozes e pelas guitarras.
É possível vestir o cancioneiro com uma roupagem diferente, mas igualmente digna. É importante mostrar-se que o Cante não é um fóssil, podendo e devendo revestir-se de outras formas, levando assimum cada vez maior número de jovens a ouvir e despertar em si memórias –raízes do que somos.
Em todos os tempos, os temas das canções são inspirados nas mesmas fontes: o amor, o trabalho, os sonhos, a terra…
“olha a noiva se vai linda”, “tenho no quintal um limoeiro”, “rouxinol repenica o cante”, “um sobreiro velhinho”.E as pessoas, especialmente os jovens, espreitando, tentando perceber que som era aquele que o João fazia na guitarra…
Naquela noite, convergiu-se. E o que vi foi três músicos realmente dando o melhor de si e um público atento saboreando palavras e música e devolvendo uma energia quase palpável que se agigantava e nos retornava em música, criando cumplicidades.
Foi muito bonito. Tão bonito como o sorriso da Ana e do Davide, no final da noite.
Assim reza um amigo meu que tem o hábito de abrir as mãos e dizer “vamo lá ver uma coisa…”, e pronto, diz coisas. Eu, que gosto de ter amigos que têm a mania de dizer coisas, não resisto a registar uma delas.
“cá eu acho…vamo lá ver uma coisa…”, e abre as mãos: “…que os pobres deviam morrer todos…era assim: a gente morria todos…todos os pobres do país morriam; mas Deus punha-nos a todos lá no céu no mesmo sítio; que era para podermos ver tudo o que se passava cá em baixo, tás a ver? Todos muito juntinhos, bem instalados a olhar cá p’ra baixo; oh pá…e eu fartava-me de rir…”, e ri-se a bandeiras despregadas, “…tu na tás a ver bem…o Eng. XXXX,( e diz o nome), a dizer para o Dr.YYYY,(e diz o nome) “ó YYYY, vai-me lá lavrar aquele bocado de terra…”… “oh pá e a gente fartava-se de rir, tás a ver?”…. e continua por ali adiante imaginando situações e dando nome às personagens tão conhecidas de todos nós.
É assim este meu amigo que tem a mania de dizer coisas.
Claro que quando penso nesta história, penso que corríamos o risco de não haver espaço para tanto morto; afinal, há cada vez mais pobres desempregados, pobres empregados com um ordenado mínimo, pobres RSI, pobres empregados com 500€, 1000€,2000€, etc. (já para não falar nos novos pobres banqueiros, pobres administradores, etc., que se fizessem parte desta estória certamente convenceriam Deus a torná-los seus assessores directos).
Também penso logo a seguir que, se calhar, dá menos trabalho a Deus manter os pobres vivos aqui no inferno, pois possivelmente iria ter um grande problema, que era separar os paupérrimos dos pobres e dos remediados, os pobres letrados dos iletrados…os pobres brancos dos pretos, os pobres portugueses dos imigrantes… já que os pobres, como os ricos tão bem sabem, não se costumam unir.
Quanto ao meu amigo que tem a mania de dizer coisas vai continuando a dizê-las, proporcionando momentos de pura hilaridade que fazem muito bem à alma; como quando jura a pés juntos que uma certa aguardente está relacionada com um braço armado do “Hammas”… mas isso é mesmo a brincar:)
Termo popularizado a partir do teatro de BenJonson (por exemplo, em MercuryVindicatedfromtheAlchemistsatCourt, 1616 — v. WWW), para uma técnica dramática que funciona como interlúdio num enredo, introduzindo um momento de grotesco durante o desfile sério das máscaras tradicionais. Quando precedia a representação da máscara, designava-se antemáscara. O desempenho da antimáscara está, no século XVII, associado a questões de estratificação social: os actores mascarados pertencem geralmente à nobreza e a aristocracia, são amadores, que participam no espectáculo teatral por razões lúdicas; os actores com antimáscaras pertencem às classes sociais mais desfavorecidas e são geralmente profissionais. O facto de a antimáscara ter uma função burlesca em relação à máscara convencional permite a comparação com as estratégias de simulação das sátiras gregas antigas. (http://www.levity.com/alchemy/jonson1.html) Carlos Ceia, s.v. "antimáscara", E-Dicionário de Termos Literários,coord. de Carlos Ceia, ISBN: 989-20-0088-9
Posto isto, Antimáscara assume-se como um convite a dissertações, poemas, textos e demais dizeres que acharmos por bem, enquanto gente de bem. E porque acontecem coisas, dentro e fora de nós, será ainda um espaço de divulgação, divagação, indignação...(qualquer coisa) que fará o caminho enquanto for caminhando, ao sabor do momento (que é um tempo muito acertado).