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terça-feira, 20 de janeiro de 2009

“Cantes do meu Cante” no bibliocafé


Quem lá esteve, viveu um daqueles serões mágicos do Intensidez.

O António veio do Ribatejo para partilhar connosco.

O Eduardo Raposo veio de Lisboa, respondendo à chamada.

Aceitou um jantar familiar na rua das laranjeiras e rasgou um sorriso no rosto quando lhe apresentei o sofá onde dormiria.

“não te preocupes”-disse – “dormirei muito bem”.

Comemos caldo verde, com a primeira couve que fui colher ao jardim que transformámos em horta, e carne assada no forno.

E bebemos vinho tinto, recordando a noite de 30 de Dezembro, em que os três antecipámos uma passagem de ano de poemas e canções até às oito da manhã.

As horas voaram. Queria sair cedo para estacionar e tranquilamente arranjar lugar.

À pressa, um bilhete deixado na mesa, junto ao prato de T., que vinha de viagem e chegaria só às dez.

Quando chegámos ao Bibliocafé, vi várias caras conhecidas, quase amigas, diria, os colegas de curso, o Sr.Professor que costuma ir para lá trabalhar…e muita gente nova e bonita.

O que aconteceu naquele serão, foi pura poesia.

A casa estava cheia. Cheia de música, de beleza, de conversas entre amigos, de sorrisos, de gente linda.

Viajámos realmente pelo cancioneiro alentejano e fomos arrebatados pelas vozes e pelas guitarras.

É possível vestir o cancioneiro com uma roupagem diferente, mas igualmente digna. É importante mostrar-se que o Cante não é um fóssil, podendo e devendo revestir-se de outras formas, levando assim um cada vez maior número de jovens a ouvir e despertar em si memórias –raízes do que somos.

Em todos os tempos, os temas das canções são inspirados nas mesmas fontes: o amor, o trabalho, os sonhos, a terra…

“olha a noiva se vai linda”, “tenho no quintal um limoeiro”, “rouxinol repenica o cante”, “um sobreiro velhinho”.E as pessoas, especialmente os jovens, espreitando, tentando perceber que som era aquele que o João fazia na guitarra…

Naquela noite, convergiu-se. E o que vi foi três músicos realmente dando o melhor de si e um público atento saboreando palavras e música e devolvendo uma energia quase palpável que se agigantava e nos retornava em música, criando cumplicidades.

Foi muito bonito. Tão bonito como o sorriso da Ana e do Davide, no final da noite.


T.C.


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antimáscara

Termo popularizado a partir do teatro de Ben Jonson (por exemplo, em Mercury Vindicated from the Alchemists at Court, 1616 — v. WWW), para uma técnica dramática que funciona como interlúdio num enredo, introduzindo um momento de grotesco durante o desfile sério das máscaras tradicionais. Quando precedia a representação da máscara, designava-se antemáscara. O desempenho da antimáscara está, no século XVII, associado a questões de estratificação social: os actores mascarados pertencem geralmente à nobreza e a aristocracia, são amadores, que participam no espectáculo teatral por razões lúdicas; os actores com antimáscaras pertencem às classes sociais mais desfavorecidas e são geralmente profissionais. O facto de a antimáscara ter uma função burlesca em relação à máscara convencional permite a comparação com as estratégias de simulação das sátiras gregas antigas. (http://www.levity.com/alchemy/jonson1.html)
Carlos Ceia, s.v. "antimáscara", E-Dicionário de Termos Literários, coord. de Carlos Ceia, ISBN: 989-20-0088-9

Posto isto, Antimáscara assume-se como um convite a dissertações, poemas, textos e demais dizeres que acharmos por bem, enquanto gente de bem.
E porque acontecem coisas, dentro e fora de nós, será ainda um espaço de divulgação, divagação, indignação...(qualquer coisa) que fará o caminho enquanto for caminhando, ao sabor do momento (que é um tempo muito acertado).

Bem-vindos então (ao que há-de ser).
T.C.